PATRIMONIO CULTURAL E A POPULAÇÃO LOCAL Marcello Polinari, Curitiba 2007 Como disse em outro texto publicado neste Blog nem tudo que interessa histórica, artística, paleontológica ou ambientalmente para a maioria dum povo/população de um bairro ou cidade, vai Ter o mesmo valor para os concidadãos de um país como o Brasil que em sua maioria não convivem com este objeto, tradição de interesse local. Por isso que os serviços de patrimônio se dividem em municipal, estadual, federal, universal/UNESCO. Cada qual cuida dos interesses de uma população e dimensão populacional e territorial. Outro fato ligado a pequenas dimensões populacionais, territoriais e políticas como os municípios com poucas décadas de idade é acharem que não tem historia, memória, patrimônio histórico e/ou ambiental porque se trata de uma unidade política relativamente nova. O erro esta em pensar que história são coisas velhas e que patrimônio se restringe a velhos prédios ainda em pé. Parte deste erro compete a nós profissionais do patrimônio que não divulgamos quão amplo é o patrimônio histórico e ambiental muito alem das edificações. Outra parte cabe aos historiadores, nos quais me incluo, que não divulgam para a população que a história, como entendida hoje, não depende de coisas velhas mas do momento que acaba de passar e das tramas sociais , políticas, econômicas, ambientais que estão em andamento. Hoje entendo que História é a narrativa e interpretação dos seres humanos produzindo a si mesmo, as civilizações e moldando o planeta e suas dimensões como o ambientes coletivos. Assim sendo 5 minutos atras é historia e as tramas de media e longa duração que moldam sociedades, éticas, políticas, ambientes estão ou deveriam estar no universo do discurso do historiador. O que as sociedades fazem consigo e com os ambientes é historia e não depende de idade, de velhice. Assim um município jovem por sua emancipação como unidade política é jovem mas como dimensão populacional regional tem longa historia da qual fez e faz parte, o discurso o reci historiografico para estes municípios necessariamente passa pela historia de sua "família" a região. O que os grupos humanos fizeram consigo na região e o que fizeram com os biomas para adapta-los como ambientes para seus propósitos. Este discurso segue do geral para o particular (o território e povo do município) até a emancipação, após o que o discurso passa a verter do particular, as interações locais para o geral que são as interações regionais e em maiores dimensões/escalas. Um exemplo é narrar como uma população diversa se reuniu numa região para transformar biomas em áreas (ambientes) financeiramente produtivas e como isso resultou na criação do município, feito isso passa-se a narrar as interações ambientais que ocorrem no criado município e como elas se relacionam com a região, o pais, os interesses mundiais. Portanto, mesmo que um território e uma população tenham se emancipado politicamente num período recente eles tem historia social, política, ambiental, cultural ligadas num primeiro momento a região e mesmo emancipados não vão deixar de serem influenciados pela região. Marcello Polinari, Curitiba jun 2007
O patrimonio e a população




