POVOS DE SUBSISTÊNCIA: UMA CATEGORIA

POVOS DE SUBSISTENCIA; uma categoria social ampla.

 

Marcello Polinari, Curitiba, 19 de novembro de 2011

 

RESUMO. Existem vários povos com vários modos de ordenar a produção e reprodução da vida material gerando ambientes nesse processo. Alguns deles podem ser abrigados na ampla categoria “povos de subsistência”. Isso nos permite conhecê-los como diversos de nós que somos nascidos e criados nas sociedades capitalistas e termos muito cuidado no propormos intervenções em algo –comunidades de subsistência- que, de  nós ambientalistas, é tão diverso quanto um alienígena.

 

Palavras-chave: especificidade; diversidade; semelhança, dimensão; interação dimensional, Teoria do Caos; campesinos; economia; ambientes; povos, culturas e economias de subsistência.

 

Eu cunhei a categoria POVOS DE SUBSISTENCIA ligado principalmente ao conceito de modo de produção da vida material e imaterial. Eles fazem parte de outro modo de produção embora em algum momento o produto de seu trabalho se torne mercadoria.

Essa categoria é uma ferramenta que julgo útil muito para historiadores, ambientalistas, antropólogos, sociólogos e economistas .

 

Eu cunhei essa categoria baseada nos escritos de CHAYANOV sobre os camponeses e sua lógica economica paralela, mas relacionada com o capitalismo pelo pagamento do uso da terra, pelo comércio de seus produtos e pela compra de outros produtos elaborados pela economia capitalista. Portanto o comercio é uma porta entre dois mundos, duas dimensões da humanidade com culturas, ambientes e economias internamente distintas  de outras.

 

O que disse CHAIANOV que lhe custou a vida?

Durante o regime fascista de Stalin, que afirmava poder existir um mundo sem diversidade econômica, ou seja, diversidade da organização, gestão e participação  da produção da vida material. Porém, CHAYANOV um gênio que olhava não só as teorias e dogmas e estudava em campo a realidade, ousou dizer que o campesinato tem uma outra lógica, sentido, ordem e organização da produção da vida material que lhe é própria, ou seja tem uma outra ordem econômica que nem Stalin conseguira por a mão ou enquadrar em seus moldes isomorfos.

 

Então o meu conceito de povos e sociedades de subsistência tem sua especificidade por calcar-se em CHAYANOV e um pouco no conceito de hegemonia como predominância de GRAMSCI. Se fosse uma piada, diria que meu fusca é personalizado, e por isso diferente de outro que, talvez, exista com a mesma aparência e nome.

 

Então esse texto, e a categoria que cunhei, tem como bases principais, o conceito de diversidade que só pode existir calcado no conceito de especificidade dimensional, e no conceito de predominância ou hegemonia de Gramsci, para o qual, tal como CHAYANOV não pode existir nenhum sistema absolutamente total, antidiverso e isomorfo, pois tudo que existe é fruto de relações entre diversos com suas especificidades, e também na Teoria do Caos que diz que ordens são dimensões  interativas do universo. Pensando com Gramsci a epistemologia da ciência o cientista buscaria não a resposta única total, eterna, ahistórica, mas a melhor, a mais “funcional” e potencialmente predominante ou hegemônica numa dimensão em dado momento histórico. Desse modo a diversidade social e econômica de Chayanov é soldável com a diversidade de conhecimentos e ordenamentos historicamente predominantes de Gramsci. O binômio diversidade e predominância (hegemonia) dimensional social, populacional econômica, ecológica e ambiental servem de fundamentos para o conceito de sociedades de subsistência..

 

Voltando a CHAYANOV: ele, ao invés de partir de nossos pré conceitos de acumulação infinda de bens, de posse indeterminada, de propriedade, de domínios territoriais individuais e familiares eternos, de cercas, da produção carreada para um só individuo que a concentra, tentou entender como viviam os campesinos na pratica, pois havia indícios de que eram diferentes porque, pois, a primeira vista,  não acumulavam infinitamente e alem desse indicio óbvio de especificidade e distinção de nossa sociedade, talvez houvessem outras diferenças que prefiro chamar de especificidades dimensionais.  Chayanov foi pesquisar o campesinato. Em função dessa diversidade de ordens econômicas, considero o campesinato uma dimensão dos processos econômicos mundiais como macro-dimensão com sua ordem predominante (POLINARI:1999). E dimensões como ordens diversas, específicas, é um dos conceitos da Teoria do Caos.

 

Como eu disse em outros textos, penso que, segundo a Teoria do Caos, tudo que existe se organiza em torno de algo predominante, como um ímã que atrai para si o que esta ao redor. Essa ordem dimensionalmente predominante nunca é exatamente igual a outra como vemos na Teoria do Caos. Assim o universo seria composto de vários imãs (lógicas, sociais, culturais, ambientais, históricas, geológicas, ecológicas) maiores, menores com suas aglutinações específicas que agregam e ordenam sociedades, economias, ambientes, éticas, etc. O modelo segue semelhante ao modelo atômico, o modelo dos sistemas solares, das galáxias. E como, pensando com Gramsci, nada é total e sim predominante, o universo também deve ter seu oposto e nele deve haver diversidade de ordens além da predominante, da hegemônica. Isso tudo nos leva a muitas coisas como pensar os ambientes como produtos humanos dimensionalmente ordenados com suas especificidades interagindo com outras dimensões ambientais, econômicas, culturais e ecológicas.

 

Onde isso nos leva? Leva a especificidade organizacional dos povos ou sociedades de subsistência.

 

Basicamente segundo minha leitura de Chayanov, apesar de contrariar a Stalin, as economias possuem diversidades e lógicas ordenadoras dimensionais distintas em varias populações e culturas humanas.

Isso quer dizer que existem várias populações que se ordenam de modo específico, com suas lógicas econômico/culturais,  para produzir sua vida cotidiana e ambientes seus, e isso a faz distinguir-se diferir de outras com as quais em alguma dimensão interagem. Porém também a faz semelhantes a outras populações que tem um numero elevado de características especificas homologas. Diversidades, especificidades e semelhanças dimensionais necessitam andarem juntas no pensar fundamentado em Gramsci, Chayanov e na Teoria do Caos.

 

Então o que une vários povos do mundo de hoje e de ontem para que sejam colados, soldados, unidos na categoria POVOS DE SUBSISTÊNCIA entre outras que existem?

 

Num apanhado de características ou especificidades dimensionalmente ordenadoras, podemos dizer que os povos de subsistência não acumulam indefinidamente para um tempo indefinido. No Maximo eles acumulam para a próxima estação ou safra agropastoril ou para a próxima safra de um tipo de peixe ou oferta de recursos sazonais. Desse modo, a acumulação capitalista indefinida não faz parte da vida desses povos, mesmo porque acumular a mais do que usa entre dois momentos de bonança demanda trabalho de manutenção que não retorna em algum bônus. No interior do Paraná é comum ver a riqueza de um agregado constituir-se da mão-de-obra de sua família e “sua” terrinha como potencial produtivo; de algumas galinhas, porcos e normalmente menos que 3 a 5 animais e grade porte como vacas e cavalos e, principalmente de um a dois ou três sacos de 60 kg de feijão que ficam armazenados  na cozinha em baixo de uma pia, ao lado de um fogão de barro com chapa de ferro numa tapera a pique iluminada por um lampião de querosene. Para ele e para os de sua dimensão populacional, cultural, ética, econômica e ambiental, ele está “rico” porque tem a o sustento garantido até a próxima safra.

 

Isso também significa que o tempo para essas populações é marcado não pelo relógio ou calendário mas sim entre safras e entressafras sazonais desse ou daquele produto, pois uma população pode viver de vários produtos adequados a varias épocas do ano embora o normal seja a dependência predominante de um produto. O relógio o tempo dividido em horas, minutos, segundos, milésimos de segundos não tem sentido e utilidade para esses povos de subsistência. O tempo deles, para nós parece romântico, mas é o tempo do viver cotidiano, regulado pelos ciclos da natureza para produzir nos períodos que ela lhe permite tocá-la e em dados momentos e em outros não. Afinal dizem que a natureza da natureza é feminina, não é?

 

Os povos de subsistência(eles não tem empregados, caseiros, chacareiros, cavalariças e aias)  não acumulam e não entendem a acumulação infinda, pois essa lhe traz um sobre-trabalho pessoal, familiar e comunal na manutenção do que foi acumulado e não lhe rende bônus no cotidiano já garantido pela safra. Andando pelo Paraná entrevistando pequenos agricultores, tropeiros, pescadores, índios, observei que se, por ironia, o ano ou o dia lhe der uma super colheita (ou uma pesca abundante), eles vão garantir a subsistência comprando feijão farinha e mistura pra família e vão e gastar perdulariamente (bares, festas e prostíbulos, objetos de luxo dos quais logo se desfazem) o que dela ultrapassar. Para nós parece que “eles não cuidam das coisas”. Não cuidam por que é trabalho a mais que sobrecarrega o cotidiano. A lógica deles segundo Chayanov é regulada por uma balança de dois pratos, de um lado esta o quantum de trabalho e do outro o quanto de desfrute, que deve ser sempre maior.

 

Alguns desses povos acompanham ciclicamente o deslocamento de rebanhos ou se movem em busca de outros tipos de alimentos e outras terras e estações do ano, ou seguem algum ritmo que pode ser o da compra e veda de algum bem. Esses não se enquadram como nômades, palavra que significa errante sem destino muito certo, mas sim como transumantes, que tem um movimento territorial cíclico definido como um pêndulo de relógio, um movimento pendular de acordo com o que cada lugar oferece em cada época. Aqui também poderíamos enquadrar os tropeiros do sul do Brasil, os vaqueiros do pantanal do Mato Grosso que seguem com o gado os ritmos das cheias e vazantes;  os pastores, os que ganham a vida com caravanas, esses fazem parte das populações de subsistência transumantes. Eles tem um conhecimento ancestral, um patrimônio imaterial, transmitido a cada geração sobre onde devem estar em cada período para colherem o melhor que cada lugar (natural e/ou social) pode lhes proporcionar, sabem os lugares de parar, os pousos e o ritmo da marcha para cumprir o movimento pendular/transumante.

 

Nesses povos, é comum laços de interdependência fortes porque nos períodos de intenso trabalho como a preparação da terra, a confecção de cercas, as armadilhas para caça e cardumes sazonais ou outros esforços que extrapolem a capacidade produtiva familiar fazendo com que eles necessitem contar com a ajuda de vizinhos e até de “concorrentes” sobre o mesmo recurso. As vezes também nos períodos de abundancia, devido ao fato de não terem estrutura para acumular, eles em rotação de famílias repartem o excedente, como quando matam um animal grande. Quem recebeu a ajuda retribui com alguma celebração festiva e com o potencial produtivo de sua família para quem o ajudou; ele fica “devendo o favor”[1]. Em português, a palavra obrigado, vem da obrigação de retribuir uma benesse, uma mercê, enquanto a palavra grato só expressa gratidão sem nenhuma obrigação de retribuição.

 

Para esses povos de subsistência, transumantes ou não, há uma outra lógica dimensionalmente ordenadora, que não a da pura acumulação infinda, ordenando o trabalho familiar e comunal. Nesses grupos, povos ou populações de subsistência, via de regra, existe um sábio respeitado que ordena o trabalho coletivo, e ele é respeitado porque seu conhecimento, na maioria das vezes, garante uma boa safra seja do que for, ou bons resultados do trabalho coletivo, seja qual for.  Na coletividade é esse sábio que ordena o trabalho de várias famílias, na família pode ser o pai, a mãe (patri ou matrilinear) ou um dos avós. É normal um cuidar da produção da vida material e outro da reprodução que inclui a reprodução cultural. (POLINARI: 1989).  Esses organizadores do trabalho coletivo familiar e/ou comunal se pautam pela relação TRABALHO versus DISFRUTE.  Ele (ou ela) é o detentor maior dos conhecimentos coletivos especialmente dos ritmos e lugares para desenvolverem atividades produtivas eficazes.Eles não podem mandar ninguém fazer um trabalho que ao final não proporcione igual ou maior desfrute, como uma semana trabalhada coletivamente que não proporcione uma semana ou mais, de preferência mais, de desfrute. Então, segundo Chayanov, a acumulação não é de coisas materiais, mas de potencial de desfrute em relação ao trabalho ou de um coeficiente de “mais-desfrute” em relação ao esforço produtivo familiar ou comunal. Aqui até a palavra trabalho não se encaixa bem por que ela fala de um ato que, no capitalismo, não tem retorno proporcional ou superior.

 

Outra característica das sociedades ou povos, ou populações de subsistência, contraria aos padrões da nossa sociedade onde é a escassez que torna tudo valorável no capitalismo. Para eles podemos dizer que fazem parte das sociedades e ambientes da abundância de recursos. Por isso eles tem a necessidade de grandes estoques de recursos naturais para uma pouca a produção como resultado e em compensação ao baixo estoque para entressafra. Aos olhos dos nascidos no capitalismo essas sociedades são como motores altamente ineficientes na relação entre estoque recursos (estoque, reserva e não demanda ou uso imediato) que demandam para apenas suprir necessidades básicas e cotidianas. Isso acontece porque, para eles,  a natureza que não está sendo direta e imediatamente trabalhada é um estoque de energia e recursos que se soma a reserva de comida da estação (soma-se a safra),  a sobra de recursos naturais, é o “seguro” para caso finde o que acumularam para o período de entressafras.

 

Natureza parceira: além disso, para a maioria desses povos, a natureza não é “mãe”, no sentido romântico ou místico religioso-materno, e sim parceira porque devido aos seus estoques e regeneração a vêem como um terceiro braço puxado a rede, manuseando a enxada ou guiando o rebanho. A regeneração dos estoques pela natureza e aquilo que nela deixaram, é um seguro e a certeza de um futuro e, no presente, garante que se saia ganhando na relação trabalho versus desfrute. Por isso é normal uma população pequena demandar áreas naturais grandes com muitos recursos para baixa produtividade e reduzida população de modo que haja mais oferta de produto natural que a demanda por eles[2]. Se fosse o inverso, sem tecnologia avançada e verticalização da produção, a demanda por trabalho familiar ou comunal para produzir a subsistência seria uma equação com resultado negativo entre trabalho e desfrute, não valendo mais a pena ficarem naquele lugar ou forçando que parte da população migre para que a demanda dentro população local e oferta natural se equilibre. (existem varias formas desses povos de subsistência controlarem a população em relação aos recursos naturais ou ambientais, para nós o mais chocante é o infanticídio e o suicídio dos velhos).

 

Desse modo, a categoria POVOS DE SUBSISTENCIA nos brinda com o entendimento da diversidade cultural, histórica, regional na produção econômica e na produção social de ambientes que sejam adequados aos valores ordenadores para cada população do planeta. Faz-nos entender que não há uma só economia, mas várias que dimensionalmente com seus povos se relacionam direta ou indiretamente. Ela também nos faz ter cuidado ao intervirmos, mesmo com boa vontade, coisa que não faz parte da ciência, em povos de subsistência propondo que ajam de acordo com valores da nossa economia e cultura mundialmente hegemônica, termos cuidado para não projetarmos nossos referenciais em outros povos. Durante os anos 80  do século XX houve uma grande discussão acadêmica criticando as proposições de Chayanov e dizendo que os campesinos estão integrados a sociedade capitalista e sua lógica de Leviatã,  não escapando aos seus tentáculos[3]. Essa é uma inquisição, um questionamento de base fascista, isomorfa, monodimensional; é um stalinismo as avessas dos intelectuais forjados no capitalismo.

 

Por tanto, várias populações produzem ambientes que, como sua casa (eco) e suas economias (relações de produção e trocas), podem enquadrar-se dentro da categoria POVOS DE SUBSISTENCIA, transumantes ou não. Para citar o que me vem em mente agora, diria que os pequenos pescadores que vivem em comunidades de pescadores, os pequenos agricultores, os índios que ainda não visam a acumulação para o bem individual, os pastores, os tropeiros como dimensão populacional e os extintos caiçaras[4] que eram agricultores do litoral paranaense que tinham na pesca um complemento da produção agrícola. O enquadramento várias de populações nessa categoria, como todo nominalismo, não é total, não abarca tudo  e suas variações, mas com as bases que essa categoria tem, nos permite contemplar as especificidades dos que nela são enquadrados, especificidades essas que operam como diversidade, distinções em relação dimensional com nossos padrões, normalidades predominâncias e hegemonia da sociedade capitalista e nos leva principalmente a ter muito cuidado ao nelas intervir nessas comunidades levando conosco nossa bagagem cultural capitalista direta ou indiretamente. Podemos facilmente nos transformarmos em um Stalin do capitalismo (um padrão único) e mandar a diversidade desses povos e populações para a Sibéria como foi mandado Chayanov.

 

Marcello Polinari Dr. 19 de novembro de 2011

 

Peço  a gentileza quem usar qualquer parte desse trabalho, cite a fonte pois esse trabalho tem registro de propriedade intelectual internacional©.

 

Polinari Marcello, Povos de Subsistência, Curitiba, monografia original, 19 de novembro de 2011.

 

 

 

 

 

Sugestões Bibliográficas

 

 

CHAYANOV, A. V. La organización de la unidad económica campesina. Buenos      Aires:Nueva Visión, 1974.

 

GRAMSCI, Antonio. Os Intelectuais e a Organização da Cultura. São Paulo Local: Civilização Brasileira, 1968

 

/www.cnpat.embrapa.br/sbsp/anais/Trab_Format_PDF/140.pdf consultado por Marcello Polinari em 19 de novembro de 2011

 

https://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/644.htm

 consultado por Marcello Polinari em 19 de novembro de 2011

 

https://www.scielo.br/pdf/rsocp/n14/a10n14.pdf, consultado por Marcello Polinari em 19 de novembro de 2011

 

 

MAUSS, M. 1974 [1923-24]. Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas.  In : _____. Sociologia e Antropologia. v. II. São Paulo : Edusp

 

POLINARI, M. A cabeça do Imigrante Italiano nas letras de musicas folclóricas. Dissertação de Mestrado. Curitiba UFPR/DEHIS, 1989

 

POLINARI, M. Praias; ambientes social e dimensionalmente produzidos em Pontal do Paraná. Curitiba, UFPR-MADE 1999.



[1] (sugiro a leitura de MAUS, M. O Dom e o Hau)

[2] Penso que também o estoque natural e sua regeneração pode ser economicamente quantificável como força de  trabalho paralela a produção capitalista formal de modo que a natureza seja remunerada para sua regeneração de esforço como o trabalhador a mais ou o auxiliar de produção.

[3] Eu creio que em muitos lugares, existem povos com lógicas econômicas que internamente “escapam” porque, o capitalismo não é total, ele é hegemônico e tal qual foi o Império Romano que não se importava muito com religiões e detalhes de ordem local desde que pagassem tributos a Roma. Porem, nas regiões interdimensionais (economia local, mercado, economia global) eles se travestem no mercado e “pagam imposto a Roma” para poderem sobreviver e também nos pagamentos pelo uso da terra.

[4] Segundo POLINARI 1999, caiçara é um agricultor de subsistência. Eles tinham na caça, pesca e coleta o complemento da subsistência.