Patrimônio foucault e educação via imitação positiva.
Marcello Polinari. Curitiba 2014
Foucault M. fala do exercício do poder como ato pedagógico. Ele fala do poder como algo difuso não mais concentrado na figura do rei, e fala do povo como crianças ou adultos infantilizados que devem ser guiados como ovelhas. A punição exemplar visível pública e reafirma o poder disseminado que “tudo “ vê. O panopticom é a capacidade de fazer com que os indivíduos se sintam constantemente observados pelo o poder difuso na sociedade. Ou seja, punir exemplarmente, introjetar nos indivíduos um certo medo e consciência de que pode ser punido e de que se é vigiado.
Vigiar e punir as prisões[1].
“O que é fascinante nas prisões é que nelas o poder não se esconde, não se mascara cinicamente, se mostra como tirania levada aos mais íntimos detalhes, e, ao mesmo tempo, é puro, é inteiramente "justificado", visto que pode inteiramente se formular no interior de uma moral que serve de adorno a seu exercício: sua tirania brutal aparece então como dominação serena do Bem sobre o Mal, da ordem sobre a desordem (...)E o inverso é igualmente verdadeiro. Não são apenas os prisioneiros que são tratados como crianças, mas as crianças como prisioneiras. As crianças sofrem uma infantilizarão que não é a delas. Neste sentido, é verdade que as escolas se parecem um pouco com as prisões, as fábricas se parecem muito com as prisões”.
PANOTICON
M.F.:
Com o panoptismo, eu viso a um conjunto de mecanismos que ligam os feixes de procedimentos de que se serve o poder. O panoptismo foi uma invenção tecnológica na ordem do poder, como a máquina a vapor o foi na ordem da produção. Esta invenção tem de particular o fato de ter sido utilizada em níveis inicialmente locais: escolas, casernas, hospitais. Fez−se nesses lugares a experimentação da vigilância integral. Aprendeu−se a preparar os dossiês, a estabelecer as notações e a classificações, a fazer a contabilidade integrativa desses dados individuais.
Entrevista de Michel de Foucault a Alexandre Fontana: https://www.nodo50.org/insurgentes/biblioteca/A_Microfisica_do_Poder_-_Michel_Foulcault.pdf
Patrimônio e cultura: educação com métodos pedagógicos híbridos. 1 – Imitação. 2 – Celebração exemplar do bem eleito como inverso punição exemplar Foucaultiana. 3 Midias de massa
Eu entendi em 28 anos que nós profissionais do patrimônio fazemos o que Eliz Regina Cantava : "Te adorando pelo avesso"
Ao invés de punir como Foucault o trabalho com patrimônio é um “vigiar e punir” às avessas. É celebração exemplar de objetos que quando individualizados são ao mesmo tempo universalizados como exemplos de bem, bom e belo a serem seguidos.
Nós profissionais da conservação elegemos e semeamos exemplos também exaltamos o que nós e a sociedade julgam bem, bom e belo. Um tombamento é a celebração exemplar do bem eleito exemplo a ser seguido, imitado e como inverso punição exemplar Foucaultiana.
Não basta criar monumentos, grandes obras e exemplos como sugeria Machiavel para educar o povo, há que faze-lo imitar.
“Depois de seus lares, os alunos descobrem que a escola é o universo mais rico onde a diversidade humana está à disposição de sua aguçada e encantadora curiosidade.
A aprendizagem pela imitação se dá porque o aluno quer testar sem si mesmo, se o que observa faz ou não sentido para a sua vida, se se vale a pena ou não coexistir com os adultos.
A aprendizagem por imitação é uma atitude inconsciente, isto é, além de ser espontâneo e involuntário, é um processo individual e intransferível. Cada um, incluindo os professores, imita o que quer e do que jeito que sabe, porque somos seres dotados de subjetividade, ainda que o fenômeno ensino-aprendizagem seja pautado por sistemas racionais, conforme nos apresentam as diversas abordagens teóricas.
Para Carl Gustav Jung (1875-1961), imitar é um método que sempre foi eficiente, até para os doentes mentais. Mesmo quando outros métodos falham, a imitação é eficiente porque se fundamenta “em uma das propriedades primitivas da psique” (O desenvolvimento da personalidade. Petrópolis: Vozes, 1983, p. 155).
Mas os professores precisam estar atentos aos seus atos, palavras e gestos frente à educação, pois maus exemplos prejudicam e anulam até mesmo o melhor dos métodos educacionais tão conscientemente elaborados”.
Fonte. https://psijung.blogspot.com.br/2012_07_01_archive.html capturada em 07/10/2014
O trabalhar com patrimônio, o transformar coisas, lugares, tradições em monumentos coisas memoráveis, monumentais para serem vistas por toda uma população é “Foucault” às avessas por dar exemplos a serem seguidos e incentivar as massas a copiarem imitarem. Para isto servem as mídias de massa que divulgam os bens tombados.
Nós profissionais do patrimônio somos uma espécie de jornal que divulgamos exemplos a serem seguidos ao criarmos monumentos. Parece simples, mas não é. Olhe entorno a ti. Quantos jovens de 8 a 15 anos buscando uma identidade, valores coletivos, um rumo entre milhares, ou um oficio tradicional que sustente a si e sua família ou o simples fato de se identificarem como mãe aos 13 ou 14 anos ou como parte de uma gangue. Patrimônio vai alem de uma ou outra casinha chickkk que ornamente uma cidade, como uma pérola no dedo de uma madame.
Todo objeto de patrimônio (bem) é como um farol para os indivíduos e populações navegarem em suas existência.
Assim, os indivíduos e populações ficam entre o panopticon foulcaultiano e os exemplos a serem seguidos libados pelos profissionais do patrimônio, um impede outro incentiva.
[1] Li Foucault nos anos 80, aqui, por ser um texto que se pretende científico numa linguagem coloquial, vou usar o que for pratico e fidedigno.





