POVOS E CULTURAS EM EXTINÇÃO

Caiçaras e outros povos e culturas extintas e em extinção no Paraná.

Marcello Polinari Dr., Curitiba, 2009.

 

Primeiramente o conceito de sociedade de subsistência. São as varias populações e culturas que não visam o enriquecimento infindo mas apenas viver o dia ou aquela estação do ano. Mesmo no sistema capitalista enristem varias populações que não se enquadram 100% nele e não vislumbram nada mais que sobreviver.

Cultura com dupla dimensão: A cultura se complementa com duas faces ou dimensões principais a face imaterial que são os valores sociais, os padrões de relacionamento social, as crenças, o imaginário que, na maioria das sociedades de subsistência é tarefa da mãe e das matriarcas ensinarem aos jovens. A cultura tem outra dimensão que é voltada para a organização da produção, da subsistência: são as hierarquias no trabalho, o conhecimento tradicional que diz como as coisas devem ser feitas, o conhecimento de técnicas, materiais, períodos adequados a cada tipo de produto. Esta dimensão da cultura voltada para a produção material, para a organização do trabalho coletivo, familiar ou comunal nas sociedades de subsistência, via de regra, fica a cargo do homem socialmente mais respeitado e tecnicamente reconhecido como mais apto seja ele o pai-de-família ou o patriarca de varias famílias e líder de um clã.

Para estes povos de subsistência sobreviverem eles tem necessidades materiais e imateriais como a valorização das tradições (imaterial) o acesso a abundante produtos da terra, o acesso livre a terra, mar e praias e outras demandas de cada população. Os povos de subsistência tem baixa tecnologia o que faz com que necessitem de mais recursos naturais para compensar esta baixa tecnologia e obter a subsistência imediata.

No Paraná, vários povos ligados a cultura de subsistência, estão desaparecendo. No litoral desapareceram os caiçaras que eram agricultores de subsistência paulistas e paranaenses do litoral que tinham na pesca e na caça um complemento de sua subsistência. Caiçara era agricultor, era o caipira do litoral. Eles necessitavam de muita terra, muito mar e muita abundância para sobreviver. Mas a especulação imobiliária impediu que periodicamente trocassem livremente os roçados de lugar para dar descanso à terra; a invasão balnearia lhes tirou a praia onde deixavam descansar os barcos; a vinda de pescadores descendentes de açorianos e empresas de pesca com alta tecnologia que reduziram o estoque pesqueiro e dificultaram que tivessem na pesca um complemento da subsistência; a caça foi oficialmente proibida e os animais que eram suas presas quase extintos. Assim, o caiçara sumiu do litoral paranaense. Foi para as favelas. Hoje chamam de caiçaras os descendentes de açorianos que vieram de Santa Catarina mas eles não são caiçaras, não são agricultores.

Outros povos como indígenas, faxinalenses, povos descendentes de escravos alforriados, comunidades fechadas de descendentes de europeus também estão em processo de perda da cultura imaterial e material tendendo a desaparecer. Ou seja a cultura é a viga mestra da sociedade e não apenas um amontoado de espetáculos e obras ininteligíveis.